27 de janeiro de 2020

Primeira-dama Renata Calheiros fala sobre a arte popular como importante fonte de renda e ícone da cultura alagoana

É fato: existe um antes e um depois para a arte popular em Alagoas, e esse marco tem muito a ver com a dedicação de Renata Calheiros e sua permanente consideração com o cenário cultural no Estado. Primeira-dama, ela exerce com maestria a posição que ocupa e vem desenvolvendo um papel agregador para a nossa produção artística.

Uma das ações que desempenha é a valorização da arte popular e dos trabalhos handmade no Estado, que ganhou ainda mais a simpatia dos alagoanos e turistas através do Alagoas Feito à Mão. O programa, nascido com o propósito de lançar olhos sobre a produção artística local, não se resume apenas ao artesanato, abrangendo a arte popular em suas mais diferentes formas, assim como as manifestações culturais.

O projeto está cada vez mais forte no cenário nacional e internacional, e em 2019 bateu recorde de vendas, seguindo firme na valorização e na divulgação da arte popular alagoana. Batemos um papo com Renata no Espaço Feito à Mão na Club Lyon, uma pop up store fruto de uma parceria firmada com a loja, que reúne peças maravilhosas dos mestres e artesãos alagoanos.

Em entrevista exclusiva ao Refresh, a primeira-dama falou sobre arte, gastronomia e cultura popular. Vamos lá 😉

  • O “Alagoas Feito à Mão” é um verdadeiro divisor de águas no que diz respeito à valorização da arte popular alagoana. Como enxerga o cenário local antes e depois da implementação do projeto?

Não existia um programa com visão estratégica que estruturasse as ações e impulsionasse a comercialização desse setor, que hoje é representado por mais de 15 mil artesãos cadastrados. Então, construímos o programa sustentado em três pilares. O primeiro foi a valorização cultural, com o objetivo de preservar nosso patrimônio e perpetuar nossa história.

O segundo pilar foca nos canais de divulgação e comercialização. Para isso, impulsionamos a participação nas feiras nacionais, criamos eventos locais, como o Festival Alagoas Feito à Mão, desenvolvemos o catálogo comercial, entre outras ações. Por fim, temos o pilar das ações estruturantes, que visa organizar os núcleos produtivos, como reformas em ateliês.

Posso citar dois exemplos: em Capela, no Ateliê Mestre João das Alagoas; e na Associação das Mulheres Artesãs da Serra da Viúva, uma comunidade quilombola no Sertão. Hoje, percebemos que o setor está em expansão, com recordes de vendas, a iniciativa privada participando na comercialização em parceria com artesãos. Fico feliz em ver que o programa é mais que uma ação do governo do estado, está sendo incorporado pela população, e este é o maior desafio e recompensa do nosso trabalho.

  • Acompanhamos as suas redes sociais e vimos vários posts com os mestres artesões do estado. O que mais te encanta no artesanato alagoano?

Sou encantada com a arte de Alagoas. Nas minhas redes sociais procuro divulgar nossos mestres e artesãos, pois às vezes sinto que são mais reconhecidos Brasil afora. As redes tem esse impacto positivo e rompe fronteiras, dando visibilidade para nosso potencial artístico. Um caso recente foi do artista popular Jasson, que mora num povoado em Belo Monte, sertão de Alagoas. Uma de suas cadeiras estava exposta na feira de design de Milão, uma das maiores vitrines para o mundo.

A internet leva a essa dimensão de divulgação. Nosso artesanato tem enorme projeção porque possui uma característica importante, trazemos muitas novidades no universo da arte popular, sempre apresentamos novos artistas. Outra característica que destaco, é nossa atual geração de mestres artesãos, alguns patrimônio vivo, pois seus trabalhos nos encantam por seu saber autodidata, permeado pelo ambiente em que vivem, pelo folclore, pelas tradições e ancestralidade. É algo que gosto de destacar, especialmente porque são esses mestres a última geração que vai trazer essa pureza na criação.

  • O handmade é muito importante para a economia local, e os trabalhos manuais também estão presentes na moda. Que conselho daria para quem deseja fomentar esse tipo de consumo?

A moda também é um segmento da economia criativa que tem ganhado destaque em Alagoas. Acredito que nesses últimos anos está havendo uma movimentação para a estruturação do segmento, de forma colaborativa e coletiva na produção de moda, como acontece com o grupo que participa do Minas Trend. No artesanato, nosso atrativo para esse segmento é representado pelas rendas e bordados. O filé é um dos mais importantes, pois é genuinamente alagoano, inclusive possui o selo de identificação geográfica.

Mas, temos também o resgate da singeleza, de origem italiana, mas que foi trazida para Alagoas e até hoje é produzida aqui com uma característica mais fina e delicada, para trabalhos mais exclusivos. Com a renda de bilro, temos um pólo de produção na cidade de São Sebastião. É muito importante essa parceria entre a moda alagoana e o artesanato, que pode fomentar o trabalho coletivo entre estilistas, bordadeiras e associações, fortalecendo a economia produtiva e dando caráter exclusivo à moda produzida em Alagoas.

A rica gastronomia alagoana é um forte atrativo da nossa terra para os turistas. Qual o prato “tem que provar”, que sugere para os leitores do Refresh?

O prato mais característico de Alagoas é o nosso sururu. Sempre sugiro uma ida ao pólo gastronômico do povoado de Massagueira. Lá, além de ser um local lindo para conhecer, oferece uma variedade de pratos típicos das nossas lagoas e nosso mar. E não posso deixar de destacar o surgimento de talentosos chefs alagoanos, alguns na alta gastronomia, que utilizam ingredientes da nossa terra, mesclando à culinária local, e que estão colocando o estado entre os mais conceituados em qualidade gastronômica no Brasil.

Fotos: Felipe Brasil

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